quarta-feira, novembro 18, 2009

Testemunho Anabela | Peregrinar, é...


No domingo, dia 15/11, fui surpreendida com um telefonema da menina Carla Farelo, pedindo-me se eu poderia dar o meu testemunha sobre a peregrinação até ao Santuário de Fátima.
A um pedido vindo da Carla, e sempre de uma forma tão delicada e doce, não consegui recusar, mas pensei “ Agora sim…estou a fritar os pasteis para levar ao jantar/partilha, não estou preparada, se for ler o Guião da Peregrinação para me inspirar, vou “perder” tempo que não tenho e ainda tenho umas coisitas para fazer em casa, mas tenho que me desenvencilhar...”

Eu adoro escrever, (é uma faceta que só quem me conhece bem sabe, mas não tenho pretensão a ser escritora,) sobretudo no que se refere aos meus sentimentos, às minhas emoções, a tudo o que se relaciona com o que eu observo, sinto e vivo. Mas gosto de o fazer com tempo, ou seja, ir escrevendo sem hora marcada, sem tempo definido, e ali tinha que escrever um testemunho que não demorasse mais que 3 ou 4 minutos a ser lido. Perante esta realidade e desafio que eu até gosto, escrevi e fui inspirar-me num pensamento que foi deixado no blog do Grupo A Caminho e que revela um bom pedaço do que eu sento e senti ao iniciar mais uma peregrinação. Isto para dizer que o testemunho que eu deixei, tem passagens tiradas desse pensamento e tem apenas, um pouco do que eu sinto sobre o que é para mim PEREGRINAR.

Feita esta “pequena” introdução, passo a transcrever então o tal testemunho que não é só meu, porque tenho a certeza que exprime muito do que sentem todos os peregrinos, portanto é o testemunho de todos nós, peregrinos.


“Pediram-me para vos dar um testemunho, do que é para mim, PEREGRINAR.

Há uma frase que eu aprendi com este grupo e gravei na minha memória, que quase define a palavra PEREGRINAR.

“PEREGRINAR, É REZAR COM OS PÉS…“, mas eu acrescento,

PEREGRINAR, não é só fazer um percurso turístico ou desportivo a pé, por uma estrada em contacto com a natureza,
PEREGRINAR, é também isto, mas é muito mais,
É uma via de fé, de esperança, de acreditar, de agradecimento, de amor…,
É ter a oportunidade de me encontrar com as minhas raízes religiosas,
É renovar um caminho de transformação interior,
É um retiro espiritual,
É um momento em que posso rever a minha vida, os meus projectos, afastar-me da tentação do egocentrismo, ter em conta toda a comunidade que ao meu lado caminha,
É unir o cansaço e a contemplação numa única e grande experiência espiritual.
PEREGRINAR, é uma imagem de vida, encerrada em poucos dias, um tempo no qual, tomo verdadeiramente a consciência de mim própria.

A verdade fundamental da vida é a verdade do AMOR, isto é, do OUTRO, da COMUNIDADE. É verdade, entro na minha interioridade, mas ali estão os outros, os seus direitos sobre mim, isto é, os meus deveres perante eles.

É um enorme prazer e alegria, compartilhar a experiência do caminho andado, com mais ou menos sacrifício, com mais ou menos dor, com mais ou menos bolhas nos pés, mas apesar de tudo isto, do cansaço e de muitas vezes ficar para trás, sinto que Maria, nossa Mãe, me pega ao colo e me dá a sua paz, e logo renasce uma força inexplicável para seguir o caminho e oiço uma voz que me diz: “Vem até mim, estou aqui à tua espera para te abraçar e te dar carinho”.

Não sei se cada vez que rezo com os pés, me torno uma pessoa melhor, (faço por isso) mas tento “beber” todas as vivências que me são dadas a observar e a experimentar naquele caminho de força, coragem, fraternidade, esperança, amizade e amor a Deus e aos outros, que apesar de diferentes, “despem” o seu extracto social, a sua formação académica, a sua cor política, etc, para sermos todos iguais, ou seja, um grupo com um só e único objectivo, para que eu consiga ser, uma pessoa diferente.

Aproveito para agradecer a todos os elementos, visíveis e invisíveis deste maravilhoso Grupo A Caminho, que desde que se cruzou no meu caminho, deu outro sentido à minha vida, ao Srº Padre Ivan, pela sua disponibilidade, atenção e boa disposição, às excelentes cozinheiras que nos proporcionaram sempre boas e quentes refeições, ao profissionalismo e simpatia das jovens enfermeiras, a todos os que comigo caminharam, especialmente aos que caminharam mais juntinhos a mim, aos peregrinos ausentes por qualquer motivo, bem como aos meus amigos e familiares, em especial ao meu marido, pelo apoio, força, coragem, dedicação e cuidados que me transmitiram ao longo dos dias, para que eu conseguisse chegar ao Altar do Mundo, dominando a alegria da chegada aos braços da Mãe, no rosto de cada um de nós."
Anabela Coquenão

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